Sob os pálidos raios da lua cheia, que difunde sua aura pela janela de entrada, um grilo oferece suas estâncias a deusa Deméter. A modesta moradia abrigava uma jovem mãe, corpo acomodado em panos desgastados pela usura e pela pobreza. Com o olhar fundo embaixo da sombreada cobertura da edificação, seu espírito saudava os tempos passados, onde ela pariu uma criança frágil. Recordava-se de si mesma dando o peito a seu primeiro rebento, o aninhando, oferecendo todo o seu amor àquela adorável encarnação de renovamento, uma primavera muito anterior ao primeiro desabrochar. Pelos refrões das cantigas e outras canções de ninar — tal a duração da vida que não impede a terrível foice do mandatário Tânatos, missionário do frutífero deus do inferno, Hades —, a doença levou a alma do recém-nascido até as águas do rio Estige… Frágil borboleta, atraída pelos glaucos lumes do domínio de Hades; assim a criança foi arrancada do coração de sua mãe…
